Não, não tem. Hoje não tem poesia barata, nem palavras bonitas, nem metáforas elegantes. Hoje não tem espaço para as firulas literárias que costumo jogar por aí. Hoje, meu amigo, é só o que é. Cru, real, sem máscaras.
Hoje é um daqueles dias em que a única coisa que faz sentido é a luta pela sobrevivência, a busca por um gole a mais de álcool para esquecer as agruras do mundo lá fora. É um daqueles dias em que a vida bate forte, e a única maneira de revidar é encarar a garrafa vazia como um desafio pessoal.
Hoje não tem espaço para os devaneios poéticos sobre o amor perdido ou a esperança renascida. Hoje é um daqueles dias em que o amor parece uma piada de mau gosto, e a esperança é apenas uma palavra vazia. Não há espaço para sonhos, apenas para a dura realidade que nos esmaga a cada passo.
Hoje é um daqueles dias em que o mundo parece um lugar hostil e as pessoas, criaturas estranhas e distantes. É um daqueles dias em que a solidão é a única companhia verdadeira, e a bebida é o único amigo que não te abandona. É um daqueles dias em que a única coisa que importa é sobreviver até o amanhã, não importa como.
Não há metáforas bonitas que possam descrever a sensação de impotência que me consome. Não há rimas elegantes que possam aliviar o peso do mundo em meus ombros.
Hoje é um daqueles dias em que a vida me acerta com um soco no estômago, e eu fico de joelhos, lutando para respirar. É um daqueles dias em que todas as minhas palavras, todas as minhas frases bonitas, todas as minhas histórias fictícias não valem de nada diante da crueza da realidade.
Hoje não tem texto porque não há nada a dizer. Não há conselhos sábios, não há lições de vida, não há mensagens de esperança. Hoje é um daqueles dias em que a única coisa que importa é o aqui e agora, o momento presente, porque o futuro é incerto demais para se preocupar.
Hoje não tem texto porque as palavras se tornaram impotentes diante da loucura do mundo. Não há poema que possa curar as feridas da alma, não há prosa que possa resolver os problemas do coração. Hoje é um daqueles dias em que a única coisa que posso fazer é me refugiar na escuridão e esperar que o amanhã traga alguma luz.
Então, não espere um texto hoje. Não espere poesia ou filosofia. Não espere palavras bonitas ou pensamentos profundos. Hoje não tem texto. Hoje só tem silêncio, vazio, ausência.
E hoje é um daqueles dias em que o silêncio fala mais alto do que qualquer palavra.